Conto Whovian: Como perder uma tia avó - Parte 1

on quinta-feira, 6 de agosto de 2015

    Era uma manhã calma e quente, saí de minha casa para trabalhar como em todos os dias normais de minha vida chata e parada, mas aquele dia, ah! aquele dia, não era um dia normal.
Entrei no escritório com coisa que faria alguma diferença um sorriso e uma caixa com copos de café para meu pessoal.
- Café puro e café com leite desnatado! gritei.
Ouvi em retorno, vários "bom dia" e pessoas me atacando para conseguirem seus cafés preferidos antes de um outro alguém chegar a sua frente. Era minha maneira de compensar a falta de conversa e enturmação com eles, eu fiz  direito e adoraria ser promotora, mas o que consegui foi uma delegacia e um escritório para casos externos, sei que não é muito, mas eu gosto. 


     Não somos muitos somos em seis. Anthony, Marcos, Mary, Juliet, Henry e eu Lana Lanel. Sim, eu sei, que nome estupido, mas meus caras me chamam de Lanel e minha familia me chama de Milly, isto é, os poucos que restaram em minha família, isso inclui uns tios que não conheço, minha irmã Katie e minha gata. Nós tínhamos outra garota, senhorita Malone ficou conosco alguns dias até resolvermos um caso mais do que estranho e então desapareceu com a mesma facilidade de que chegou. Ela era esperta, e parecia saber mais do que demonstrava eu gostava dela e tenho a certeza de que ela é tão estranha quanto me descrevem hoje em dia. Nossos pais são britânicos, mas viajavam muito. O lugar que considerei "lar" por mais de dois anos foi o Brasil, mas depois nos mudamos para a Austrália e depois de "moças" eu e Katie viemos para os Estados Unidos onde montamos nossas carreiras, mas é claro que agora estavámos de volta ás nossas raízes, Londres.
     Tudo começou em um casamento, Katie minha irmã estava prestes a se casar com Henry (sim, meu cunhado no meu escritório.) Não tenho muito do que reclamar, acho que isso tudo foi meio que culpa minha e eu gosto do Henry, ele é um cara legal. Um cara legal o suficiente para ter seu casamento interrompido por uma cabine telefônica azul, que flutua, aparece e desaparece enquanto faz um som completamente diferente do que de qualquer som que eu já tenha ouvido antes, se está achando isto familiar já sabe do que estou falando, se não reconhece se prepare pois você está prestes a conhecer o homem que roubou o padre.
     Pouco antes do "sim" de Henry, começou uma ventania seguida de um estranho som que foi aumentando aos poucos, todos estavam assustados estávamos em uma igreja fechada com uma ventania, o que poderia ser aquilo? E aquele som de onde vinha? até que todos abriram seus olhos e viram aos poucos aparecendo, piscando... algo incrivelmente Azul e quadrado, com janelas e uma luz que indicava ser algo policial, mas não.. aquilo não poderia ser coisa nem do FBI, qual é uma cabine telefônica que aparece do nada no meio de uma igreja? E se você acha isso estranho, tem que entender que tudo só piora. De dentro dela, saiu um homem, muito bonito devo dizer, com vestes estranhas e cabelo engraçado saiu, verificou o lugar com toda sua atenção e rapidez deu um beijinho na caixa e foi até o altar.
    - Você vem comigo mocinho, dez anos terráqueos já são o suficiente para um Baulariano adolescente.
   - Não espere não pode fazer isso, não é o oque pensa. retrucou o padre tentando disfarçar e ao mesmo tempo escapar.
  - Não é o que eu penso como? Oh, é o vestido? tudo bem, trocamos antes de eu levá-lo aos seus pais
  - Não pode me levar, e isso não é um vestido.
  - Meu caro jovem, tenho quase 900 anos, sei muito bem o que é um vestido. Sinto em dizer que já usei um também, coisas dos humanos, meio estranhos devo dizer. Agora vamos.
Eu não sabia o que dizer, nem o que pensar, eu via aquele homem que me parecia tão familiar e via minha irmã desesperada, eu era autoridade ali naquele lugar, eu sou uma "tira" convenci a mim mesma de que deveria fazer  alguma coisa, então me levantei e me pus diante do estranho o homem e seu padre de vestido.
- Não, não levar ele. Você, pare. Ele me olhou estranho, como se ao mesmo que me admirasse tirasse sarro da minha cara.
- Poxa vida, o que houve com seu inglês mulher? está tentando me impedir? porque você deveria ser um pouco mais clara quanto á isso.
Ele sorriu em deboche, aquilo me despertou. Saquei minha arma e lhe mostrei minhas credenciais. A igreja reagiu com alguns urros de surpresa.
- Bem, se quer que eu seja mais clara então serei. Você simplesmente não pode esperar que todos ao seu redor achem normal e nada estranho uma cabine telefônica aparecer do nada no meio de uma igreja, um homem louco magrelo e com cabelo ouriçado sair de dentro dela e roubar o padre da minha irmã, mas já que quer que eu seja clara...
- Ei, ei , ei.. ele tentou me interromper, mas não permiti.
- Calado, eu estou falando... se quer que eu seja clara serei, coloque suas mãos pra cima se não quem vai leva-lo de volta aos pais aqui sou eu, por bem ou por mal.
   Ele se calou por um instante e sorriu, tentou chegar mais perto e eu dei um passo para trás, ele se conteve e cochichou algo no ouvido do padre que deu lhe concordância com a cabeça e se virou pra mim:
- Está tudo bem, mesmo. Estava na hora de eu ir, outra pessoa pode casar sua irmã, e entrou na cabine como se fossem caber duas pessoas lá dentro. Me virei para a cabine e gritei para o padre:
- Tudo bem maluco, se acha que pode sair voando de cada casamento que demorar um pouco mais do que o normal!
Era loucura, aquilo não poderia estar acontecendo, era um casamento e derrepente um circo e tinha um estranho que saiu de uma caixa magica na mira da minha arma.
- Você me lembra alguém. disse o homem
- Quem é você?
- Eu sou o doutor.
- Claro e eu sou a policial, diga seu nome.
- É só, O Doutor.
- Tudo bem então, doutor. Você sai comigo, agora.
Então a ventania começou novamente e a cabine começou a desaparecer ele tentou correr para descer os degraus mas eu o detive e pulei em cima dele.
- Não brinque comigo garoto esperto, nunca gostei de magicas antes.
 Estávamos olho á olho e cada vez mais ele me parecia familiar.
- Você não entende, não tenho tempo para isso é só o meu trabalho, deveriam me  agradecer estou protegendo vocês de invasões á séculos, agora os protejo de você e me mandam uma pessoa armada pular em cima de mim? E meu cabelo é legal, gosto delem acredite ele já foi muito pior.
A caixa sumiu e ele me jogou de lado, me recompus rápido mas algo naquele cara estranho me deixava assustada de mais para ser autoritária.
- Pra fora, comigo agora! eu gritei
- Ah claro, sim senhora, agora.. disse ele com deboche e saiu cochichando coisas estranhas.
Eu encarei toda aquela gente e gritei para que todos fossem embora e que entraria em contato por email, minha irmã e Henry estavam abraçados e mais assustados que as crianças que pulavam e gritavam "eu sou o doutor" "é só, o doutor". Aquilo me irritava.
- Hey Katie,...me aproximei e a abracei. - vai ficar tudo bem, resolvo tudo isso.
me dirigi á Henry:  - Leve -a para casa. ele concordou com a cabeça e eu saí.
O homem que se nomeava como doutor estava do lado de fora sorrindo para algumas moças, eu correi até ele e o prendi contra a parede com meu braço sobre seu pescoço, seus olhos estavam um pouco acima da altura de minha testa mas eu o encarei
- Para que tanta violencia? disse ele com dificuldade.
- Pra que estragar o casamento da minha irmã caçula? 
- Tudo bem, tudo bem. agora é pessoal, desculpe, não sabia. E tossiu.
Eu o soltei e passei á mão sobre meu cabelo e tentei conter toda aquela coisa dentro de mim.
- Eu preciso sair daqui, minha tardis virá me buscar assim que entregar o Baulariano
- O que é isso? uma especie de apelido para padres bailarinas de vestido?
Ele riu e discordou com a cabeça.
- É apenas uma meleca que roubou um teletransportador dos pais e fugiu de seu planeta.
- Planeta? do que está falando?
- Na verdade, não deveria estar falando, não sei porque estou.
- Porque se não falar, eu enforco você de novo.
Ele riu, não sabia se era de mim ou pra mim, então dei á ele meu melhor olhar de ódio. E ele parou na hora.
- Sabe, você tem muito o que fazer quer dizer explicar uma "cabine magica" e um louco de cabelo ouriçado, não vai ser muito difícil os humanos são tolos em sua maioria, todos vão criar algo próprio, só vai ter trabalho com as crianças.. ou não vocês nunca dão ouvidos á elas.. nem sobre montros nem sobre aliens..
- Está me dizendo que você é um monstro?
- Não, eu sou um alien e o padre é um monstro. Bem, todos os monstros são aliens então... não faz tanta diferença..
Ele juntou as sobrancelhas e pareceu concordar consigo mesmo.
- Mas... talvez, possamos dar uma volta..
- Está me convidando pra sair depois de destruir o casamento da minha irmã?
- Não, estou convidando pra dar uma volta, pelo espaço.
-Ah, claro.. esqueci que você é um alien. você vai dar uma volta comigo sim, na cadeia.
- Eu acho que não, te pego daqui dois dias ás oito, em qualquer lugar.
- Está brincando comigo?
Ele riu, e respondeu:
- Ainda não.
Então aquela ventania começou novamente, me vi só eu e ele e eu já sabia o que significava, como poderia segura-lo? E o som veio, mais forte que nunca e aquela cabine separando á mim e ele. Eu dei á volta e ele já não estava mais encostado na parede, eu tentei abrir a porta da cabine mas não consegui então gritei.
- Ei! espera, não pode ir. Quem é você? Ele abriu a por e sorriu.
- Eu sou o doutor e você grita muito.
-Doutor? doutor quem?
- Adoro essa parte,a próxima é minha preferida.
Eu não entendia uma só palavra do que ele falava, então ele se afastou da entrada da porta para que eu pudesse ver dentro da cabine e minha nossa, eu mal podia acreditar era maior por dentro...não, na verdade era gigante por dentro.
- Oh meu...
- Eu sei..
- É maior por dentro...
- Do que por fora, sim.
Eu olhei pra ele e ele me olhou como se também soubesse o que eu ia fazer depois, sai correndo e dei a volta da cabine todinha para ter certeza de que era mesmo quadrada e não um circulo gigante.. e voltei para ver se continuava maior por dentro.
- Tudo bem, já me provou que se não é um alien estou louca o suficiente para acreditar que é, então pode ir embora...
Eu não sabia o que dizer, queria ficar e queria que ele ficasse.. eu tinha tantas perguntas e tantos afazeres... então eu só decidi esquecer.. achei que seria o melhor.
Ele pareceu surpreso.
- O que? Do que está falando? Não tem perguntas, e não quer me prender?
- Quer ser preso? eu sorri
- Não quer entrevistar um alien? Não tem se quer, medo de mim?
- Com esse cabelo não assusta ninguém...
Ele riu e pareceu se interessar na conversa da qual ele fazia pouco até então.
- Então te pego daqui dois dias.
E entrou na cabine de novo, dessa vez não fechou a porta. Dei as costas e gritei para que ele a fechasse.
- Aqui na terra, não se pode andar sem cinto, nem com portas abertas.
Então eu ouvi a porta se fechando e uma ventania um pouco mais fraca, seguida daquele barulho de antes, me virei e á vi desaparecer no ar, sem nem se quer ter perguntado como ela fazia aquilo.

Naquela tarde fui pra casa, liguei para a igreja e dei um jeito de te-la a disposição para uma segunda tentativa de casamento, pedi também um padre de outra cidade e pesquisei sobre toda sua vida, ele parecia bem enraizado com a Terra, então serviu bem. Mandei muitos emails e fiz ligações o suficiente para garantir que o bife e os convidados estariam todos lá novamente, as roupas dos noivos já estavam na lavanderia e tudo daria certo se eu conseguisse gastar mais do que recebi naquele mês. Fui para a cama tarde o suficiente para conseguir pegar no sono, mesmo depois de toda aquela confusão de aliens e casamentos.
Na manhã seguinte acordei como se tudo fosse um sonho, mas a caixa de entrada do meu email dizia o contrário com tantas respostas de estranhas pessoas com quem eu mal tinha contato. Eu inventei á eles que o Doutor era um fiscal e aquele homem não era um padre de verdade, aquela cabine magica eram efeitos de luzes que o fiscal meio doido tinha armado para parecer tudo mais dramático, eu o tinha liberado e a empresa dele tinha lhe dado uma advertência severa por pregar peças no casamento de Katie, todos encararam muito bem a loucura do tal fiscal vestido como um louco e como o Doutor disse eu tive problemas com as crianças. Mas tudo passou, quando fingi que não estava ouvindo, quer dizer, eu sabia que tudo ali era verdade.
Meu dia no trabalho foi o mesmo, só que sem sorrisos e sem cafés, eu esqueci estava perturbada e ocupada de mais ligando para todos os detetives que eu conhecia dentro e fora da cidade para encontrar informações sobre esse tal doutor que parecia nunca ter existido em lugal algum. Execeto por uma pequena nota num jornal de 87 em Londres que dizia:     "Corra, Corra garoto esperto e lembre-se" e era dedicado ao doutor. Só o doutor.
Aquilo não me ajudou muito então decidi parar e pensar um pouco no trabalho que eu tinha, nada tão interessante quanto o doutor e sua "tardis", foi como ele á chamou.. a cabine.
Naquela noite eu não dormi, parecia nunca ter um fim e bem pela manhã acordei assustada, pensei ter ouvido o som da cabine pousando em algum lugar perto de mim, eu estava ficando obcecada, só pode.. era impossível ele voltar.
Então me levantei, tomei um banho penteei o cabelo e coloquei uma roupa confortável, me encarei no espelho por alguns segundos como que para enxergar dentro de mim. Mas, tudo o que vi foi uma garota magra, de cabelos escuros e enrolados com olhos maiores que qualquer coisa em meu rosto.
- Odeio rosa. disse para minha própria boca que se escondia na minha pele parda e bochechas gorduchas.
Ouvi a campanhia, o que não era muito comum no meu apartamento, não era pequeno mas também não era grande, confortável para uma tira solitária que estava se preparando para ir ao segundo casamento na mesma semana de sua própria irmã, talvez fosse alguma dama de honra chata querendo ter a certeza de que eu estaria lá, para atirar em qualquer fiscal perturbado que aparecesse novamente. Fui até a porta e lá estava ele, o fiscal perturbado, meu Alien favorito!
- Doutor! Eu sorri, o que não deveria fazer por tinha um estranho na minha porta, quer dizer como ele conseguiu meu endereço e por que apareceu de novo no dia do casamento da minha irmã?
- Veio destruir o casamento da minha irmã pela segunda vez?
- Não, mas se você quiser uma ajuda com isso.
- Não somos próximas o suficiente para me importar com isso.
- Jura?
- pois é, entre!
- Acaba de convidar um alien para entrar na sua casa.
- Não tenho nenhum padre por aqui.
Ele sorriu e deu uma olhada ao redor.
- Sei que aqui é Nova York e tudo o mais, mas você não teria chá, teria?
- Sim, eu tenho. respondi, e fui até o armário da cozinha até onde ele me seguiu.
- Então que tipo de alien você é?
- Sou um senhor do tempo.
- E todo senhor do tempo tem uma caixa?
- A maioria, eu roubei a minha e ela não é uma caixa.
- Desculpe, é a tardis. Entreguei lhe uma xícara e ele se sentou.
- É um máquina do tempo, ela viaja para qualquer lugar em qualquer período de tempo.
- Esqueceu algum padre, ou gosta de descobrir o endereço das pessoas que te apontam armas?
- Um pouco dos dois, e já fazem dois dias, o encontro.
- Você disse que era uma volta. 
Ele juntou as sobrancelhas e gaguejou um pouco.
- É, sim, é claro, uma volta. Por todo o tempo e espaço. Ele se levantou e foi até a porta, vamos lá..
- Eu não posso ir, o casamento da minha irmã é hoje a tarde, não sei o que ela faria se eu não fosse, quer dizer eu quase não á vejo...
- Você não está prestando mesmo atenção não é? Maquina do tempo, qualquer hora e qualquer lugar... vamos te trago um segundo depois de termos saído.
- Tudo bem, se você me trouxer a tempo..e me deixar cortar seu cabelo.
- O que tem contra meu cabelo? Ele voltou da porta até mim.
- O mesmo que tenho contra suas roupas, se você é um viajante do tempo  tem que usar roupas esquisitas o suficientes para serem apenas estranhas em qualquer época, mas esquisitas o suficientes para não chamarem tanta atenção, parece até que vai fazer uma peça de teatro de Shakespeare.
- Olha pra você vai viajar no tempo de moletom, vou te levar para uma época em que mulher usar calças é algo diabólico.
- Tudo bem, mas o cabelo...
Ele riu e pegou minha mão e fui com ele, saímos do apartamento e então avistei lá na esquina.. a cabine , então chegamos.
- Então pra onde?
- Para o fim do universo!
- Serio?
- Por que pode ir?
- Sim, posso.. mas não sabia que iria querer ver isso...
- Podemos ver outra coisa..quer dizer, adoraria ver algo explosivo!
Ele sorriu e pareceu surpreso e ao mesmo tempo feliz.
- Vou te mostrar algo mais explosivo que o fim do universo.
Ele puxou uma alavanca e lá fomos nós, saculejando mais do que qualquer coisa que eu conheça para citar.







(Continua ...)

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